sábado, 19 de fevereiro de 2011

FDA aprova banda gástrica para pacientes menos obesos

A farmacêutica Allergan Inc. informou na quarta-feira (16/02) que recebeu aprovação para comercializar a banda gástrica ajustável Lap-Band --dispositivo que reduz estômago-- para milhões de pacientes que são menos obesos do que aqueles que usam o dispositivo.

A FDA (agência que regula remédios nos EUA) expandiu a aprovação para pacientes com IMC (índice de massa corporal) entre 30 e 40 e uma condição de peso relacionada à área médica, como diabetes ou pressão arterial elevada. Os pacientes também devem ter tentado perder peso previamente por meio de outros métodos, como dieta e exercício.

A Allergan, com sede em Irvine, na Califórnia, disse que um adicional de 26,4 milhões de pacientes americanos atende aos novos critérios de peso para implantar o dispositivo. O número é maior do que as 15 milhões de pessoas que atendiam aos critérios anteriores: índice de massa corporal igual ou superior a 40, ou igual ou superior a 35 com complicações relacionadas ao peso.

A banda gástrica ajustável está disponível nos EUA desde 2001 e cerca de 600.000 pessoas tiveram o dispositivo implantado, de acordo com a Allergan.

Durante a cirurgia, a banda é colocada sobre a parte superior do estômago e inflada com soro fisiológico para fixá-lo e restringir a quantidade de comida que pode entrar e passar pelo órgão. O dispositivo foi desenvolvido como uma alternativa à cirurgia de bypass gástrico, um processo permanente, no qual o alimento é desviado de uma bolsa no estômago para o intestino delgado.

Foram feitas cerca de 220 mil cirurgias de estômago no ano passado. Segundo dados da sociedade médica, os procedimentos com bandas representam 40% do total.

Cirurgiões dizem que isso ocorre pois o procedimento é reversível e os riscos são relativamente baixos para a sua crescente popularidade. Alguns pacientes que não eram obesos o suficiente para fazer a cirurgia de Lap-Band teriam tentado ganhar mais peso para atender às exigências de massa corporal.

A expansão do Lap-Band pela FDA chega junto com o aumento dos custos dos cuidados de saúde que ameaçam consumir quase um quinto da economia dos EUA.

A despesa com cuidados de saúde relacionados à obesidade está estimada em US $ 147 bilhões, o dobro do valor de uma década atrás. Mais de um terço dos adultos americanos são obesos.

Fonte: Folha de S.Paulo / Associate Press - 17/02/2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

EUA mudam indicação de cirurgia bariátrica

Índice de Massa Corpórea para a banda gástrica ajustável baixou de 35 para 30.

As pessoas não precisam mais ser tão obesas como era exigido até agora para se habilitarem a uma cirurgia destinada à perda de peso - ao menos nos Estados Unidos.


Alívio. Pelo menos 26 milhões de americanos poderão se submeter à cirurgia bariátrica com a redução do IMC mínimo exigido.

A FDA (agência de vigilância sanitária americana) aprovou o uso do Lap-Band (banda gástrica ajustável), da Allergan, no tratamento de pacientes com obesidade de grau leve. A agência baixou a exigência mínima de índice de massa corpórea (IMC) de 35 para 30, desde que o paciente tenha problemas associados, como hipertensão ou diabete.

O Lap-Band é um anel de silicone inflável colocado na parte superior do estômago. Ele limita a quantidade de alimentos que a pessoa pode ingerir, fazendo com que ela se sinta satisfeita mais rapidamente.

Segundo a empresa, mais de 26 milhões de americanos poderão se submeter à cirurgia - quase o dobro dos 15 milhões que, com base nos critérios anteriores de indicação, tinham direito à operação. Obesos sem problemas associados não poderão se submeter à cirurgia. "Com o objetivo de levar a terapia para os pacientes que mais se beneficiarão com ela, a indicação aprovada fica limitada àquelas pessoas com mais riscos de complicações ligadas à obesidade", disse Karen Riley, porta-voz da FDA.

Até agora, o Lap-Band era autorizado para pessoas com IMC de no mínimo 40, caso não tivessem problemas de saúde por causa da obesidade, e de pelo menos 35 se sofressem alguma doença.

Com base nas regras anteriores, uma pessoa com 1,70 metro de altura teria de pesar 97,9 quilos para ter direito à cirurgia. Agora, basta ter 84,3 quilos para poder fazer a cirurgia.

Em dezembro do ano passado, uma comissão consultiva da FDA aprovou por oito votos a dois o pedido da Allergan, concluindo que os benefícios do uso do dispositivo nesse grupo de pacientes menos obesos excediam os riscos do procedimento.

Eficácia restrita. No Brasil, a banda gástrica é usada desde a década de 90 em pacientes com IMC acima de 35. Já foi considerada padrão ouro de tratamento, mas é pouco utilizada porque o índice de pacientes que voltam a engordar é alto (ao menos 20%). Hoje ela representa menos de 5% dos tratamentos cirúrgicos.

"A banda gástrica é um dos métodos cirúrgicos mais consagrados, mas é escolhido pela minoria dos pacientes. Ela exige um acompanhamento mais próximo do médico do que as outras técnicas e é mais fácil de burlar. Sem uma boa orientação, a recidiva é muito maior", diz Arthur Garrido Júnior, coordenador do grupo de cirurgia bariátrica do Hospital Oswaldo Cruz.

Para ele, o fato de os EUA terem reduzido o IMC para a indicação cirúrgica é uma boa notícia. "Há um esforço mundial para baixar o índice. Há muitos pacientes com IMC 30, 32, que possuem doenças associadas e não podem ser operados. E é a doença que justifica a operação", diz.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, Ricardo Cohen, concorda e diz que a decisão da FDA é um primeiro passo para que isso seja estendido para as outras técnicas. Cohen diz que a banda gástrica não é eficaz em obesos mórbidos, mas pode ser uma boa alternativa para pessoas com obesidade leve, com IMC menor.

Segundo Cohen, de 10 milhões a 12 milhões de brasileiros poderiam se beneficiar da técnica, caso a indicação do IMC também fosse reduzida aqui. "O que a FDA fez é um avanço. Não podemos considerar o IMC como único critério para operar alguém. Ele tem de ser mais um."

Escassez de drogas. Para especialistas, a nova indicação do Lap-Band nos EUA, combinada com a escassez de drogas para perda de peso, deve levar um número maior de pessoas moderadamente obesas a pensar numa cirurgia. Nos últimos meses, a FDA recusou a aprovação de novas pílulas para emagrecimento.

Aqui no Brasil, o cerco contra os emagrecedores também está fechando. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) convocou uma audiência pública para discutir a proibição desses medicamentos no País. Alega que os benefícios da perda de peso não superam os riscos.

AS TÉCNICAS

Banda gástrica ajustável

Método menos radical. Uma prótese de silicone inflável e ajustável é colocada por laparoscopia na porção superior do estômago, deixando-o com a forma de uma ampulheta. A pessoa come menos e a perda de peso é de cerca de 20%.

Derivação gástrica em Y de Roux

Método mais usado. A maior parte do estômago é isolada do processo digestivo e grampeada, por laparoscopia. O estômago é reduzido a um volume de 30 ml e conectado ao jejuno (a porção média do intestino), sem passar pelo duodeno. Em média, o paciente perde de 30% a 40% do peso.

Gastrectomia vertical

Método irreversível. Por laparoscopia, o cirurgião extrai 80% do estômago, que passa a armazenar entre 150 ml e 250 ml. O que sobrou é grampeado em forma do tubo que vai do esôfago até o duodeno. A pessoa come menos, mas absorve nutrientes normalmente. A perda de peso é de 35% a 40 %.

Fonte: O Estado de S.Paulo / Estadão / The New York Times - 18/02/2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Cirurgia de obesidade: menos quilos e mais anos

Apesar dos riscos envolvidos no procedimento, ele ainda seria mais vantajoso que outras estratégias para emagrecer.

Cirurgia bariátrica gera perda de peso rápida.

Indivíduos obesos podem ganhar mais anos de vida ao reduzir drasticamente o peso por meio da cirurgia bariátrica. A constatação vem de uma nova revisão de ensaios clínicos de procedimentos de bypass gástrico e banda gástrica.

Pesquisadores italianos descobriram que passar por um dos dois tipos de cirurgia reduz as chances de morte do paciente em quase que pela metade durante um período médio de estudo de sete a oito anos.

A cirurgia bariátrica pode produzir uma redução prolongada do peso corporal, em níveis muito difíceis de serem alcançados com outras estratégias mais comuns de perda de peso, afirma o médico Luca Busetto, da Universidade de Padova, na Itália.

Isso pode salvar vidas, já que os riscos de morte dos obesos mórbidos são de duas a três vezes maiores, principalmente por problemas de saúde relacionados à obesidade – como o diabetes e a hipertensão – complementou Busetto, que não participou da revisão, mas conduziu um dos estudos incluídos.

Segundo dados da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, cerca de 220 mil americanos passaram por algum tipo de cirurgia de redução de peso em 2009. Tais procedimentos custam entre US$14 mil e US$26 mil, sendo que a opção pelo bypass é um pouco mais cara que pela banda gástrica.

Na cirurgia de bypass gástrico, o estômago do paciente é reduzido do tamanho de uma bola de futebol para o tamanho de uma bola de golfe. O estômago reduzido é então atado ao meio do intestino delgado, fazendo um “atalho” no trato intestinal e assim limitando a absorção calórica.

Já na cirurgia de banda gástrica, o cirurgião introduz uma banda de silicone preenchida com solução salina ao redor da parte superior do estômago, o que deixa o paciente com sensação de saciedade mais rápida. A solução salina pode ser adicionada ou removida, tornando a compressão ajustável.

Para ajudar médicos e pacientes a optarem pela melhor estratégia, o médico Antônio Pontiroli e seu colega Alberto Morabito, ambos da Universidade de Milão, analisaram trabalhos publicados sobre os dois tipos de cirurgia. Eles identificaram oito ensaios diferentes, que incluíam, em média, sete anos e meio de acompanhamento de um total de mais de 44 mil homens e mulheres.

Cerca de 14 mil participantes passaram por cirurgia bariátrica e o restante fez parte do grupo-controle para efeitos comparativos. Os pesquisadores computaram cerca de 3.300 óbitos ao longo dos estudos: 2,8% daqueles que passaram por cirurgia bariátrica e 9,7% entre pacientes semelhantes que não passaram pela cirurgia.

Os dados representaram uma redução das chances de morte por cirurgia bariátrica de 45%. Um benefício semelhante foi encontrado quando a equipe analisou mortes relacionadas especificamente ao coração.

No geral, os índices de mortes foram comparáveis a aproximadamente 10 mil cirurgias de banda gástrica e 4 mil de bypass gástrico, embora os efeitos protetores sobre mortes relacionadas ao coração tenham sido diferentes.

Em comparação ao grupo-controle, a banda gástrica apresentou chances 29% mais baixas de mortes relacionadas ao coração contra a redução de 52% dos riscos no caso do bypass. Os dados foram relatados pela equipe de pesquisa no Annals of Surgery.

Busetto observou que o bypass gástrico geralmente oferece “perda de peso maior e mais rápida” do que a outra opção. Em contrapartida, o bypass é irreversível e oferece chances maiores de complicações graves e mesmo de morte relacionada à cirurgia. Estes riscos, porém, ainda são muito pequenos: cerca de um em cada mil pacientes morre durante uma cirurgia de bypass gástrico.

Além disso, mesmo que os dois tipos de cirurgia possam sair mais caro que outros tratamentos em curto prazo, Busetto diz: “A perda de peso conseguida com a cirurgia bariátrica pode também representar uma economia de dinheiro com o passar do tempo”.

Depois de reduções drásticas de peso, os pacientes costumam constatar que precisam de menos remédios para tratar os problemas relacionados à obesidade, além de faltarem menos no trabalho por motivo de doença.

Para quem está pensando em passar por uma cirurgia bariátrica, Busetto recomenda que, antes de optar por um dos tipos, o interessado deve procure um centro médico onde as duas cirurgias possam ser realizadas para garantir uma discussão honesta dos prós e contras de cada um dos procedimentos em curto e em longo prazo.

“Os pacientes devem estar cientes que a cirurgia bariátrica é altamente eficaz, mais não é uma pílula mágica. Ainda existem fracassos e complicações”, disse ele.

Fonte: iG / Reuters Health

Mulheres têm mais benefícios com cirurgia bariátrica

Elas ganharam qualidade de vida, aumentaram autoestima e apresentaram melhora na função urinária.

Pesquisadores atestam benefícios para as mulheres que realizaram cirurgia bariátrica.

Homens e mulheres submetidos a cirurgia de redução de estômago apresentam resultados diferentes, principalmente quando o assunto é melhora na função urinária e na qualidade de vida. Para elas, a perda de peso decorrente da intervenção melhorou consideravelmente os problemas urinários, enquanto para eles não houve mudança no quadro.

O estudo foi realizado pelo hospital Austin, de Melbourne, em conjunto com a Universidade de Newcastle (Austrália) com 176 voluntários, sendo 142 mulheres (com 118kg inicialmente) e 36 homens (que pesavam 146kg). Antes da cirurgia, 65% delas e 24% deles apresentavam algum problema de incontinência urinária, enquanto 83% dos homens tinham algum grau de disfunção erétil.

A incontinência urinária é comum em pacientes obesos, em especial entre as mulheres, pois com o alto índice de massa corporal, há um aumento da pressão intra-abdominal, que comprime a bexiga.

“O resultado do estudo é positivo, pois, além de auxiliar no emagrecimento e diminuir a mortalidade cardiovascular, apresenta um benefício adicional para os pacientes operados, principalmente as mulheres”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Ricardo Cohen.

“A cirurgia de banda gástrica está sendo continuamente utilizada para tratar os casos mais severos de obesidade, já que esta condição aumenta o risco de doenças cardíacas, hipertensão e diabetes”, afirmou Weranja Ranasinghe, médico especialista do departamento de Urologia do Hospital de Austin, em Melbourne, na Austrália.

Após a cirurgia os pacientes perderam, em média, 23 kg. Os homens, além de não terem benefícios no trato urinário, apresentam piora na disfunção erétil. “Os pesquisadores estavam ansiosos por esse estudo, pois são problemas recorrentes em pacientes obesos. Com relação ao declínio da função erétil, o estudo analisou os resultados de curto prazo. A cirurgia causa uma grande alteração hormonal, então é provável que este quadro melhore ao longo do tempo”, diz Cohen.

Banda gástrica

Os pacientes analisados foram submetidos à banda gástrica, que consiste na redução do estômago colocando uma cinta na parte alta do órgão. O estômago fica com capacidade reduzida, em torno de 30 ml, e o paciente tem dificuldade para comer e fica saciado rapidamente.

O grau de estreitamento do estômago pode ser ajustável no pós-operatório. Assim, o estreitamento do estômago pode ser ampliado ou reduzido, de acordo com a indicação médica.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade já atinge mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, pelo menos 3,5 milhões de pessoas estão em estado de obesidade mórbida, ou seja, estão com pelo menos 40 quilos acima do peso corporal ideal.

Cirurgias de redução do estômago são recomendadas apenas quando o Índice de Massa Corporal (resultado do peso dividido pela altura ao quadrado) é maior que 40 ou quando esse número for inferior a 35, mas o paciente tiver doenças associadas, como a hipertensão ou o diabetes. “A cirurgia bariátrica é a última opção para o paciente que já tentou, sem sucesso, reduzir peso por métodos tradicionais”, conclui Cohen.

Fonte: iG

Brasil aprova cirurgia bariátrica “light”

Novo tipo de redução de estômago não é tão agressivo mas pode ser menos eficiente.

A cirurgia de redução de estômago, procedimento cujo número de cirurgias cresce mais do que as de lipoaspiração e de implante de silicone no País, acaba de ganhar uma modalidade mais “light”.

Nova técnica de redução de estômago já é utilizada em hospitais brasileiros.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou a técnica chamada “gastrectomia vertical”, o que fez ampliar para três as opções de cirurgia bariátrica existentes no Brasil. A principal diferença dela para os outros dois tipos existentes (banda gástrica ajustável e o by-pass gástrico) é que a gastrectomia é menos invasiva, modifica o tamanho do estômago sem mexer na anatomia do intestino.

Aprovada no final do ano passado, a versão mais light começa a ganhar agora os principais hospitais cirúrgicos. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, Thomaz Szego, diz que uma das vantagens da nova técnica é que ela compromete menos a absorção de nutrientes do organismo, como acontecia com os métodos mais antigos. “Pode ser recomendada para quem já tem alguma deficiência de cálcio (osteoporose) ou de vitaminas”, afirma Szego.

Magro pode?

Marcelo Z. Salem, cirurgião de aparelho digestivo pela Universidade de São Paulo e membro da Federação Internacional de Cirurgias da Obesidade (IFSO), completa a lista do grupo recomendado para a nova técnica bariátrica: pacientes com risco cirúrgico muito alto, por exemplo, com algum comprometimento cardíaco. “É uma espécie de meia cirurgia, que só é feita no estômago, e diminui os impactos no corpo”, explica o cirurgião. Segundo ele, a nova técnica desponta como uma tendência futura, ainda a ser estudada. “Se ela (cirurgia) se mostrar uma técnica boa e com poucos efeitos colaterais, pode ser que no futuro o CFM flexibilize as normas para que esta cirurgia seja feita em pessoas não tão obesas. Mas o Conselho de Medicina ainda exige mais indícios científicos para respaldar essa regulamentação”, informou Salem.

Atualmente, só podem fazer cirurgias bariátricas pessoas extremamente obesas, com índice de massa corpórea (IMC) acima de 40 – para calcular é preciso dividir o peso pela altura ao quadro. Quem tem IMC 35 e alguma doença crônica (como diabetes) também está liberado para ir para a mesa de operação. Em todos os casos é preciso avaliação médica e o paciente deve ter mais do que 16 anos.

O perfil do operado

Durante o ano passado, foram realizadas 30 mil cirurgias bariátricas no País, um aumento de 10% em relação ao total de 2008. É uma das técnicas cirúrgicas que mais cresce. Para efeitos de comparação, no intervalo de 12 meses, as lipoaspirações e implantes de silicone aumentaram 3,5%.

As mulheres são maioria entre os operados e somam 60% no total de cirurgias. A faia etária mais recorrente é entre 20 e 40 anos. A liderança feminina é explicada por elas serem maioria no grupo de obesos (o dobro segundo a Associação Brasileira de Estudo para Obesidade) e também por sofreram mais os impactos sociais dos quilos extras. “A paciente obesa já se coloca em segundo plano. É a melhor amiga da menina bonita, acompanhante, motorista dos filhos das irmãs. O emagrecimento puxa a vontade de ir à academia, comprar roupas e de conquistar uma melhor qualidade de vida social”, afirma o cirurgião digestivo Marcelo Z. Salem.

Impacto social

Por ter influência direta na vida do operado de cirurgia bariátrica, as pesquisas clínicas têm focado em mensurar as transformações sociais após a cirurgia bariátrica. Pesquisadores de Pernambuco e Florianópolis, por exemplo, já começaram a reunir dados sobre as transformações após a operação, segundo o Caderno de Saúde Pública.

Fonte: iG

"Cirurgia Bariátrica Teen" vira opção para filhos obesos

Técnica pode ter efeito colateral e só pode ser feita em adolescentes com mais de 16 anos.

A mãe de meninos e meninas obesos sabe que os filhos estão sempre no alvo. As pesquisas já mostram que, ao mesmo tempo em que são citados como mais vulneráveis aos “problemas de adulto”, tipo hipertensão e diabetes, eles também são mais numerosos nas estatísticas de vítimas de piadinhas cruéis dos amigos em sala de aula.

A cirurgia bariátrica só pode ser uma opção para adolescentes maiores de 16 anos quando todas as outras alternativas, como dieta e exercícios físicos, foram testadas.

O sofrimento – físico e psicológico – do público infantil com o peso é tanto que, mesmo eles tendo uma jornada pela frente para conseguir mudar os hábitos de vida e entrar em harmonia com os ponteiros da balança, a alternativa extrema de uma cirurgia de redução de estômago já aparece na adolescência.

A chamada “cirurgia bariátrica” deixou de ser opção só para adultos e exige que os médicos tenham um olhar especial para esta parcela de pacientes precocemente classificada como obesa mórbida.

No Brasil faltam números oficiais para contabilizar quantas das 30 mil bariátricas feitas todo são destinadas aos pacientes com menos de 18 anos de idade. Mas o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCB), o cirurgião Thomas Szego, afirma que o número cresce seguindo o gráfico que mensura a quantidade de adolescentes com sobrepeso no País – hoje estimados em 30% da população jovem.

Por isso hoje já existe um protocolo para definir quais pacientes infantis podem ser submetidos à técnica cirúrgica. “A idade mínima é 16 anos (nas diretrizes brasileiras) e este paciente precisa ser muito bem avaliado pela equipe clínica”, afirma Szego.

Segundo ele, não é só saber se o IMC (o Índice de Massa Corpórea, resultado da divisão do peso pela altura ao quadrado) é maior do que 40, mas também fazer um trabalho psicológico capaz de apurar se os meninos e meninas estão prontos para uma operação deste porte.

“A participação dos pais é obrigatória no processo. Eles precisam ser envolvidos porque a mudança na dieta e nos hábitos de vida, necessários após a operação, é o que garante a saúde do paciente e a o sucesso na eliminação de quilos”, afirma o presidente da SBCB.

Bullying

O envolvimento dos pais é essencial não só no pós-cirúrgico, mas também antes da cirurgia bariátrica ser escolhida como uma opção. Muitas vezes não é um problema físico que faz as crianças e adolescentes obesos cogitarem a realização de medidas extremas para emagrecer.

Uma pesquisa publicada no jornal médico Pediatrics ouviu 5.165 meninos e meninas entre 11 e 16 anos matriculados em escolas do Canadá e concluiu que os com sobrepeso sofriam mais bullying escolar (as tais piadinhas cruéis e perseguições dos colegas) do que os garotos com peso normal. A variação estatística chegou a 3 vezes na comparação dos dois grupos.

Foi por causa de uma dessas agressões verbais que Brittany Cesar, moradora do Estado do Texas, nos Estados Unidos, entrou para a história da medicina como a paciente mais jovem a fazer uma bariátrica. Ela tinha 14 anos e pesava 183 quilos. Ao jornal New York Times, Brittany disse que se preparava para comer “os dois cheesebúrgueres, duas porções de fritas e um refrigerante” na hora do recreio quando foi ofendida de forma muito cruel por uma das colegas. “Por que come tanto? Você não é normal”, disparou a menina.

Ela foi operada em 2003 no Hospital Infantil do Texas. Hoje, cinco anos depois, ela está com 19 anos e pesa 80 kg – e a mesma unidade de saúde já realiza uma média de duas cirurgias pediátricas do tipo por mês.

Herança de família

Além de estarem atentos ao cenário em que os filhos obesos estão inseridos fora de casa, os pais também devem olhar para dentro de suas residências para encontrar a origem da obesidade infantil.

De acordo com um estudo feito pelo Instituto do Coração de São Paulo (Incor) – que acaba de ser publicado no Arquivo Brasileiro de Cardiologia – a análise de 2.125 adolescentes matriculados em escolas públicas e particulares de São Paulo (média de idade de 12,9 anos) mostrou que entre obesos (22% da amostra), 40% deles tinham pais diabéticos e hipertensos e 41% comiam sal em excesso nas refeições caseiras.

Elsa Giugliani, coordenadora de Saúde da Criança do Ministério da Saúde, afirmou durante a Conferência Latino Americana de Diabetes, realizada no Brasil, que é impossível promover um padrão alimentar de qualidade aos filhos se os pais não forem exemplo. “Nenhuma criança vai pedir para por salada no prato se não ver que a mãe come alface também”, diz ela.

Acumular anos de rotina desregrada de alimentação e pouca atividade física não é “passe livre” para uma cirurgia bariátrica na adolescência. O cirurgião Thomas Szego diz que a operação só pode ser considerada como alternativa quando todas as outras estratégias já foram cessadas. Não podem ser descartados ainda os efeitos colaterais creditados à cirurgia, como embolia pulmonar, hérnia, úlcera e obstrução do intestino após a operação, já ressaltados na Revista da Associação Médica Brasileira. Além disso, alguns especialistas são receosos com a intervenção do bisturi muito cedo, pois o adolescente pode estar ainda em fase de crescimento.

Fonte: iG

Hospital das Clínicas testa cirurgia de redução de estômago contra diabete

Um dos procedimentos usados será a polêmica técnica criada pelo médico goiano Áureo Ludovico de Paula, que foi aplicada no apresentador Faustão e deixou cerca de dez pacientes com sequelas graves. Especialistas divergem sobre segurança do método.

O Hospital das Clínicas da USP vai testar dois tipos de cirurgias de redução de estômago em pacientes com diabete tipo 2 que tenham índice de massa corporal (IMC) entre 27 e 35 - considerado sobrepeso e não obesidade mórbida. Uma das cirurgias é a polêmica gastrectomia vertical com interposição de íleo - criada pelo médico goiano Áureo Ludovico de Paula e usada no apresentador Fausto Silva.

De Paula, proibido pela Justiça de operar usando o método, realizou cirurgias com essa técnica sem informar aos pacientes que ela era experimental, sem ter aberto protocolo de pesquisa e cobrando caro pelo procedimento - cerca de R$ 28 mil. Ao menos dez pacientes tiveram complicações graves, segundo o Ministério Público Federal.

No HC, há um protocolo de pesquisa aprovado pelo comitê de ética do hospital e a técnica será feita gratuitamente. Além da gastrectomia, os médicos também vão testar o by-pass gástrico (mais informações nesta página), amplamente reconhecido e indicado para a maioria dos pacientes obesos.

Com isso, a equipe do HC quer demonstrar que diabéticos não obesos, com IMC entre 27 e 35, podem se beneficiar e até se curar da doença. Hoje em dia, o consenso da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) recomenda a cirurgia de redução de estômago apenas no tratamento de doentes com IMC maior que 35.

A primeira cirurgia será feita na próxima semana. O paciente é um homem de 55 anos, com IMC 32 e diabético tipo 2 há 13 anos. Teve dois infartos e será submetido à técnica do by-pass gástrico. Ao todo, serão realizadas 40 cirurgias - 20 com cada método. A expectativa é que elas sejam feitas em até dois anos.

Segundo Marco Aurélio Santo, responsável pela pesquisa, pelo menos um terço dos diabéticos tipo 2 tem IMC entre 30 e 35. "Queremos diminuir a medicação e as complicações provocadas pela doença nesse grupo."

Márcio Mancini, responsável pelo grupo de obesidade do HC, diz que a redução de estômago tem se mostrado eficaz na remissão e até na cura da doença. Ele diz que a remissão total ocorre em cerca de 85% dos casos. "Por que aquele diabético que não é gordo e não responde bem ao tratamento com medicamentos não pode se beneficiar?", diz.

O endocrinologista Alfredo Halpern, um dos responsáveis pelo protocolo do HC, diz que qualquer diabético pode se candidatar à cirurgia, mesmo que não tenha comorbidades associadas (como obesidade ou hipertensão). A única exigência é que o paciente tenha o pâncreas capaz de produzir insulina. "Quando a função está prejudicada, o problema não será resolvido com uma cirurgia."

Para Halpern, a polêmica envolvendo a gastrectomia com interposição de íleo existe porque De Paula não submeteu os pacientes a um protocolo de pesquisa. "Ninguém discute a eficácia da cirurgia. O mundo está caminhando para soluções cirúrgicas pessoas diabéticas com IMC menores ", diz.

Consenso mantido. Luís Alberto Turatti, vice-presidente eleito da Sociedade Brasileira de Diabete, afirma que as recomendações cirúrgicas para diabéticos continuam as mesmas - apenas para pessoas com IMC maior que 35. Diz ainda que há muitas drogas que tratam a doença e a cirurgia deve ser exceção.

"Sou bastante reticente e temeroso em indicar a técnica para pessoas com IMC acima de 27. Daqui a pouco teremos de operar todo mundo", diz.

Carlos Vital, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, afirma que a entidade vê a pesquisa com naturalidade, já que foi aprovada pelo comitê de ética. "Mas, para ser reconhecida pelo CFM, são necessárias mais evidências", afirma.

Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, também aprova a iniciativa. "Acho fundamental comparar a interposição ileal com uma técnica já consagrada para descobrir se ela serve para alguma coisa. É uma técnica mais complexa e, por enquanto, os resultados têm sido parecidos", afirma.

Fonte: O Estado de S.Paulo / Estadão - 12/02/2011

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Hospital das Clínicas da USP testará redução de estômago em diabéticos

Uma das técnicas será oferecida gratuitamente aos pacientes.

Hospital das Clínicas: técnica polêmica será testada com aval do conselho de ética.

São Paulo - O Hospital das Clínicas da USP vai testar dois tipos de cirurgias de redução de estômago em pacientes com diabete tipo 2 que tenham índice de massa corporal (IMC) entre 27 e 35 - considerado sobrepeso e não obesidade mórbida.

Uma das cirurgias é a polêmica gastrectomia vertical com interposição de íleo. No HC, há um protocolo de pesquisa aprovado pelo comitê de ética do hospital e a técnica será feita gratuitamente. Além da gastrectomia, os médicos também vão testar o by-pass gástrico, amplamente reconhecido e indicado para a maioria dos pacientes obesos.

Com isso, a equipe do HC quer demonstrar que diabéticos não obesos, com IMC entre 27 e 35, podem se beneficiar e até se curar da doença. Hoje, o consenso da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) recomenda a cirurgia de redução de estômago apenas no tratamento de doentes com IMC maior que 35. Segundo pesquisa, pelo menos um terço dos diabéticos tipo 2 tem IMC entre 30 e 35. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Exame - 12/02/2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Inca gasta R$ 5 milhões com casos de câncer provocados por obesidade

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) calculou o impacto dos gastos com o tratamento de três tipos de câncer, que podem ter sido provocados pela obesidade: R$ 5 milhões com os pacientes.

A informação é da coluna Mônica Bergamo publicada na edição desta segunda-feira da Folha.

Segundo o Inca, 3.500 casos de cânceres de esôfago, cólon e reto poderiam ser consequência do excesso de peso e ainda 30% poderiam ser prevenidos com atividade física, alimentação saudável e peso adequado.

A previsão do instituto para este ano é que 7.890 homens e 2.740 mulheres tenham câncer de esôfago, e 13,3 mil homens e 14,8 mil mulheres sejam diagnosticados com tumor de cólon e reto.

Fonte: Folha de S.Paulo - 07/02/2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A alimentação sólida dos bebês e o risco de obesidade

Se a criança começar a comer sólidos antes dos quatro meses de idade e não for amamentada, há mais chances de ela ser obesa, diz pesquisa.

Pediatras já alertam normalmente os pais para que não deem alimentos sólidos aos bebês muito cedo. Um novo estudo publicado nesta segunda-feira (7) reforça esse aviso para as crianças alimentadas por mamadeira. Segundo a pesquisa realizada nos Estados Unidos, a chance dos bebês ficarem obesos a partir dos três anos aumenta seis vezes se ingerem sólidos antes dos quatro meses. Para os que são amamentados, essa elevação dos risco de obesidade não foi observada, diz o estudo do Children's Hospital Boston, divulgado no jornal da Academia Americana de Pediatria, Pediatrics.

Os pesquisadores acompanharam 847 crianças. Quando elas chegaram aos 3 anos de idade, foi observada uma taxa de obesidade de 9%. Os bebês que eram alimentados por mamadeira e ingeriam também alimentos sólidos tinham grande risco de ficarem obesos. Entre os que eram amamentados por no mínimo quatro meses, não foi detectada relação entre risco de obesidade e o momento em que passaram a ingerir comida sólida. Os bebês que tomavam mamadeira e não receberam alimentação sólida até ao menos seis meses de idade também não correram mais risco de obesidade.

O aleitamento materno exclusivo é aconselhado até os seis meses, na maioria dos casos.

Fonte: Época - 07/02/2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Número de cirurgias bariátricas cresce 500% em dez anos

Foram 30.000 operações em 2009. País só fica atrás dos EUA.

Redução de estômago: brasileiros estão em segundo lugar no ranking mundial de cirurgias bariátricas.

O número de cirurgias bariátricas, conhecidas como redução de estômago e indicadas no tratamento da obesidade mórbida, registrou aumento de 500% no Brasil na última década, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica divulgados nesta sexta-feira. O procedimento foi realizado 5.000 vezes em 1999, ante 30.000 ocorrências em 2009. Esse crescimento coloca o Brasil na segunda posição do ranking mundial de cirurgias bariátricas, ficando atrás apenas dos EUA, com 300.000 procedimentos por ano.

A redução do estômago para perda de peso é recomendada quando o índice de massa corporal (IMC) é maior do que 40 em pessoas com idade superior a 18 anos, homens ou mulheres. O procedimento pode ser recomendado, ainda, se o IMC estiver entre 35 e 40 e o paciente apresentar diabetes, hipertensão arterial, apneia do sono, hérnia de disco ou outras doenças associadas à obesidade.

“Nos casos em que o IMC do paciente fica entre 35 e 40 é preciso uma avaliação prévia para certificar-se de que a cirurgia bariátrica é recomendável. A operação é a última opção para o paciente que já tentou, sem sucesso, reduzir peso por métodos tradicionais”, explica o médico Roberto Rizzi, especialista em obesidade. A cirurgia, porém, não garante a redução de peso em definitivo.

Fonte: Veja / Agência Estado - 04/02/2011

Quantidade de gordura no corpo é definida na infância

O corpo agrega gordura em camadas ou a gordura acumulada se mistura à gordura corporal?

A gordura é depositada difusamente, não em camadas", disse Louis J. Aronne, diretor do centro de controle de peso do hospital New York-Presbiterian/Centro de Medicina Weill Cornell. "Ela se junta a células que já contêm gordura e as expande".

Se o ganho de peso ocorre rapidamente, novas células de gordura podem ser criadas, mas elas não se acumulam em camadas.

"Se as reservas subcutâneas de gordura não conseguem aceitar toda a gordura, por motivos genéticos, médicos ou qualquer outra razão", continuou ele, "uma parte maior dela acaba no abdômen, onde representa maior risco metabólico por estar na circulação do fígado".

Um estudo de 2008 na revista "Nature" descobriu que o número de células de gordura no corpo é definido na infância e início da adolescência, permanecendo constante mesmo após uma perda de peso significativa, tanto para magros quanto para obesos.

"Isso explica por que é tão difícil perder peso", afirmou Aronne.

"Quando as células de gordura encolhem, níveis de um hormônio presente nelas, a leptina, caem mais rápido do que a redução de massa gorda. Isso engana o cérebro em pensar que você perdeu mais peso do que na verdade tem. Também é interessante que as células de gordura não vivem para sempre, mas a quantidade de alguma forma permanece constante".

Fonte: Folha de S.Paulo / New York Times - 04/02/2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

População obesa mundial dobrou em três décadas

Com os Estados Unidos liderando a tendência, a obesidade no mundo dobrou entre 1980 e 2008, de acordo com uma pesquisa global publicada hoje no "Lancet".

É preciso reverter a tendência para aumentar a longevidade.

Já tínhamos conhecimento de que o excesso de peso e a obesidade tornam-se mais frequentes no mundo, mas não havia ainda uma pesquisa que apresentasse dados coletados de tantos países - e com uma análise evolutiva de quase 30 anos. Embora o IMC (índice de massa corporal) não seja o único nem o melhor indicador, é o mais utilizado em avaliações de grandes amostras, pela facilidade de sua determinação e sua associação com doenças ligadas ao excesso de adiposidade.

A constatação de que o IMC aumenta a cada década é preocupante porque pode significar o aumento do risco de mortalidade por diabetes e suas complicações, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.

É interessante notar que, embora haja aumento da prevalência de obesidade e, portanto, da mortalidade a ela associada, a expectativa de vida tende a crescer na maioria dos países. Significa que outras causas de mortalidade estão diminuindo. Se conseguirmos evitar o avanço da obesidade, teremos um aumento maior ainda da longevidade das populações.

Com exceção dos homens da África Central e do sul da Ásia, pessoas de todas as regiões do planeta registraram aumentos do IMC.

Isso talvez se deva ao maior acesso a alimentos e à diminuição de atividade física, ocasionada pela disseminação do uso de máquinas para fazer trabalhos antes manuais e a melhoria do transporte. Possivelmente, também, reflete uma globalização dos hábitos alimentares. Um exemplo é a presença de cadeias de fast food em todos os continentes. Houve grandes diferenças na variação de IMC entre diversas regiões e entre os sexos. O estudo dessas diferenças geográficas, econômicas e culturais pode ser útil na elaboração de políticas de saúde voltadas à prevenção.


China passou da privação à gula exagerada em duas gerações

Na celebração do Ano-Novo chinês, anteontem, jantei na casa dos pais de um amigo. Havia cinco pessoas à mesa, mas o banquete, com 15 pratos, encheria facilmente outros cinco estômagos.

No centro da mesa havia uma montanha de bacon com canela e alho: "Porco Cozido ao Estilo da Família Mao", explicou o anfitrião, um bancário de 49 anos.

"Antes, só o Mao podia comer esse prato, o país era pobre. Quando eu era criança, havia racionamento."

Os terríveis anos sob a era Mao, que mataram de fome até 30 milhões entre 1959 e 1961, são uma amarga lembrança, hoje, para a segunda economia mundial. O problema agora é o exagero.

A rápida deterioração dos hábitos alimentares chineses é o tema de "Fat China: How Expanding Waistlines are Changing a Nation" (China gorda: como as cinturas em expansão estão mudando uma nação), de Paul French e Matthew Crabbe.

O livro mostra que a obesidade cresce entre jovens urbanos e membros da classe média, o que tende a se agravar com a contínua migração do campo para a cidade.

"Adoraria colocar a culpa só no McDonald's. Infelizmente, não posso", disse o britânico French, em entrevista a um site. "Os tamanhos da porções estão maiores, as pessoas petiscam batatas fritas e chocolate no lugar de sementes e frutas secas."

A urbanização tem levado os chineses a consumir comida pronta. "Isso acontece no Ocidente. Mas, como quase tudo na China, aqui ocorre mais tarde e com velocidade maciça", afirmou French.

O livro analisa ainda a geração dos mimados filhos únicos, frutos do controle de natalidade. "Há muito gasto por criança. É compreensível. Em certo sentido é uma conquista, é passar da fome à gula em duas gerações."


Pressão e taxas de colesterol caem nos países mais ricos


Entre 1980 e 2008, houve uma pequena queda na média global desses dois índices, segundo a pesquisa publicada hoje no "Lancet".

As regiões onde a queda da pressão foi mais expressiva estão no mundo desenvolvido: Estados Unidos e Canadá, especialmente entre os homens, e Austrália e Nova Zelândia, para as mulheres.

Mas o mundo tem ainda 1 bilhão de hipertensos (pessoas com pressão sistólica acima de 140 mmHg e diastólica além de 90 mmHg).

Os países no oeste africano estão no topo dos níveis de pressão, com média de 135 mmHg para mulheres e 138 mmHg para homens.

No Brasil, são as mulheres que levam os índices de pressão para baixo. Entre elas, a média caiu de 133,6 mmHg para 124,9 mmHg. Entre os homens, os números caíram de 136 para 133 mmHg.

O colesterol, que cai no mundo ocidental desenvolvido, está em alta no Oriente, com destaque para Japão e China, ainda que os índices continuem baixos em relação a outras regiões.

O problema é a mudança de estilo de vida, segundo o cardiologista Raul Dias dos Santos, diretor da área de lípides do InCor (Instituto do Coração).

"Há uma ocidentalização da dieta nesses países, com maior consumo de gordura saturada. Tradicionalmente, os habitantes dessas regiões têm um risco menor de doenças coronárias. O aumento do colesterol faz esse risco crescer."

A queda nos índices dos países ricos é creditada ao aumento do acesso aos remédios para controlar pressão e colesterol, hoje disponíveis como genéricos.

De acordo com o cardiologista, pesquisas anteriores mostram queda na mortalidade por infarto nos EUA nos últimos 30 anos. "Em 25% dos casos, a queda é explicada pela baixa do colesterol."

No Brasil, os índices de colesterol ficaram estáveis em um patamar acima do ideal.

Segundo o cardiologista, a maior dificuldade do tratamento é fazer o paciente tomar o remédio com regularidade. "Hoje, só tem colesterol quem quer. Pouquíssimos não respondem aos medicamentos."


Há 31 anos, 4,8% dos homens e 7,9% das mulheres tinham índice de massa corporal acima de 30, o que configura obesidade.

Três anos atrás, 9,8% dos homens e 13,8% das mulheres já tinham passado dessa marca. Assim, mais de um adulto, em cada grupo de dez, está obeso.

O estudo, conduzido por pesquisadores do Imperial College London e de Harvard, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Fundação Bill e Melinda Gates, é dividido em três partes: obesidade, pressão arterial e colesterol.

Foram pesquisados dados de 199 países e territórios, desde 1980 até 2008.

O Brasil acompanhou a tendência de alta da proporção de gordos.

A China também é destaque, com aumento do índice de massa principalmente entre os homens.


Menos sono

Apesar de os hábitos alimentares terem muito a ver com isso, os processos de urbanização e automatização têm culpa maior, segundo o endocrinologista Bruno Geloneze, coordenador do laboratório de metabolismo e diabetes da Unicamp.

"O gasto energético foi muito reduzido. Não precisa ir muito longe. Sua bisavó, quando tomava suco, espremia a laranja. Hoje, é só abrir a geladeira."

Outra questão importante é a privação de sono. De acordo com Geloneze, de 50 anos para cá, o mundo está dormindo duas horas a menos por noite, o que tem ligação direta com o peso.

"Há uma desregulação do gasto energético, da produção de hormônios da saciedade e uma ativação da glândula suprarrenal, que faz adrenalina e cortisol. Tudo isso facilita o ganho de peso", diz o endocrinologista.

Os Estados Unidos, país que liderou a alta da obesidade, vem tentando atacar o problema com incentivos à alimentação saudável e à prática de exercícios.

De acordo com Geloneze, essas medidas são mal orientadas, porque dão peso muito grande para alimentação e esportes. "Não pode algo pró-esporte. As atividades físicas não programadas, como deslocamentos, pesam mais. O importante é que as cidades permitam que a pessoa ande de bicicleta, a pé."

O consumo de alimentos processados e a ocidentalização da dieta dos orientais contribuem para o fenômeno. O mundo está abandonando a comida in natura em favor da processada, com densidade de calorias muito maior.

A dificuldade de combater o ganho de peso é maior do que a enfrentada na redução de hipertensão e colesterol, que podem ser mais facilmente controlados com medicamentos. "A obesidade envolve consumo alimentar, muito ligado à emoção e estilo de vida. Não há pílula mágica para tratar isso."


Fonte: Folha de S.Paulo - 04/02/2011

Epidemia de obesidade pode criar "tsunami" de doença cardíaca

CHICAGO/LONDRES (Reuters) - Mais de meio bilhão de pessoas, ou 10 por cento da população adulta mundial, são obesas, disseram pesquisadores na quinta-feira. O número de obesos dobrou em relação a 1980, e cada vez mais atinge países pobres.

E, embora as nações desenvolvidas tenham feito grandes progressos no combate ao colesterol e à hipertensão, a número global de hipertensos saltou de 600 milhões em 1980 para quase 1 bilhão em 2008, por causa do envelhecimento e crescimento da população.

"O sobrepeso e a obesidade, a hipertensão e o colesterol alto não são mais problemas ocidentais ou problemas de nações ricas", disse Majid Ezzati, do Imperial College London e da Universidade Harvard, que comandou os estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicados na revista Lancet.

A pesquisa mostra que na América do Norte, por exemplo, houve uma grande melhora no controle da hipertensão masculina, enquanto Austrália, Nova Zelândia e Nova Guiné tiveram avanços no combate à pressão alta entre mulheres.

Já o índice de massa corporal, principal medida para aferir a obesidade, cresceu de forma ampla. "O mundo está ficando cada vez mais acima do peso e obeso", disse Ezzati por telefone.

O sobrepeso e a obesidade elevam o risco de doenças cardíacas, diabete, artrite e alguns tipos de câncer. A hipertensão, outro importante fator de risco para doenças cardíacas, é a maior causa mundial de mortes.

Doenças relacionadas à obesidade respondem por quase 10 por cento dos gastos médicos nos EUA, ou cerca de 147 bilhões de dólares por ano. Na Europa, mais de metade dos adultos tem sobrepeso ou obesidade, sobrecarregando os orçamentos de saúde.

Mas os estudos mostram que esses riscos cardíacos não são mais um problema restrito a países ricos.

"Deixando de lado dois ou três países - EUA, Austrália e Nova Zelândia -, a obesidade é mais elevada nos países de renda média", disse Ezzati.

O índice médio de colesterol total no sangue caiu na América do Norte, Austrália, Nova Zelândia, Nova Guiné e Europa, mas subiu no Leste e Sudeste Asiático e na região do Pacífico.

A hipertensão é um problema mais grave nos países bálticos e na África Oriental e Ocidental.

Ezzati elogiou iniciativas de alguns países para reduzir o consumo de sal e gorduras saturadas, o que ajuda no combate à hipertensão e colesterol, e disse que isso poderia ser adotado em países com diversos níveis de desenvolvimento.

A Assembleia Geral da ONU realizará em setembro uma reunião especial para discutir a crescente ameaça de doenças crônicas como distúrbios cardíacos, câncer e diabete, principalmente em países mais pobres.

Fonte: O Globo / Reuters / Brasil Online - 04/02/2011

Mães que trabalham seriam responsáveis por sobrepeso e obesidade dos filhos, diz pesquisa americana

NOVA YORK - Um estudo publicado no jornal Child Development relaciona o aumento do Índice de Massa Corporal (IMC) das crianças às mães que trabalham. O maior impacto seria em crianças de 11 e 12 anos, com chances seis vezes maiores de sobrepeso ou obesidade - tanto os filhos de mães que trabalham meio expediente quanto os daquelas que permanecem o dia inteiro no emprego.

Pesquisadores da American University, Cornell University e University of Chicago usaram informações do Study of Early Child Care and Youth Development: 900 crianças em dez cidades do país foram analisadas. Os pesquisadores concluíram que o tempo total de emprego das mães no mercado de trabalho teve uma influência pequena mas cumulativa no IMC dos filhos o que, a longo prazo, levou ao aumento do sobrepeso ou da obesidade.

As razões ainda não estão claras, porque as mudanças nas atividades físicas, o tempo sem supervisão das mães ou o tempo gasto assistindo à TV não explica a relação entre o trabalho das mães e o IMC das crianças. Além disso, o tempo que as mães passam trabalhando não foi significativamente associado ao IMC dos filhos.

Uma hipótese dos autores do estudo é que os pais empregados têm tempo limitado para comprar e preparar a comida, o que pode contribuir para refeições fora de casa ou comidas congeladas, que tendem a ter mais calorias e gorduras.

- Carca de 20% das crianças americanas são consideradas obesas e a obesidade infantil tem sido associada à saúde, ao comportamento e a problemas acadêmicos na adolescência e na vida adulta - diz Taryn W. Morrissey, da American University.

Fonte: O Globo - 04/02/2011

Obesidade afeta 10% da população mundial

Incidência do problema dobrou entre 1980 e 2008. Nações desenvolvidas lideram alta.

Ganho excessivo de peso: o controle das taxas de colesterol e de pressão sanguínea não refletiram no controle dos índices mundiais de obesidade.

Um em cada dez adultos é obeso. O dado, de abrangência mundial, foi publicado nesta sexta-feira pelo periódico britânico The Lancet por pesquisadores do Imperial College London e da Universidade de Harvard. O estudo mostra que os Estados Unidos registraram a maior alta nas taxas de obesidade, seguidos de Nova Zelândia, Austrália e Grã-Bretanha.

Para chegar aos resultados, os cientistas analisaram os índices de massa corporal (IMC), colesterol e pressão colhidos entre 1980 e 2008. Apesar das taxas de pressão e colesterol terem apresentado queda nos países desenvolvidos, a quantidade de pessoas obesas não para de crescer ao redor do planeta. Na Grã-Bretanha, por exemplo, os homens têm o sexto maior IMC de todo o continente europeu – as mulheres ficaram em nono lugar.

Em 2008, 9,8% dos homens e 13,8% das mulheres de todo o mundo eram obesos – todos tinham IMC acima de 30. Os dados são alarmantes, uma vez que, em 1980, os índices eram 4,8% e 7,9%, respectivamente. A população que vive nas ilhas do Pacífico apresenta o maior IMC do mundo, com média de 34, valor 70% superior ao da média do sudeste da Ásia e da África Subsariana.

Brasil – Dados do Ministério da Saúde apontam que, entre 2006 e 2009, o percentual de obesos na população passou de 11,4% para 13,9% – valor superior, portanto, aos 10% apontados na pesquisa mundial. Já a parcela daqueles que estão acima do peso ideal (podem ou não ser obesos) subiu de 42,7% para 46,6%.

Além de acompanhar o avanço da obesidade, o Brasil também caminha para uma redução no registro de problemas que normalmente acompanham o sobrepeso, caso do colesterol e pressão. Segundo a endocrinologista Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a mudança é fruto do avanço do avanço do tratamento à base de remédios.

“Hoje, temos à disposição um número maior de medicamentos para o tratamento de colesterol, diabetes, hipertensão e resistência à insulina, por exemplo", diz Rosana. "O problema é: você trata as complicações da obesidade, mas não a doença em si.”

O número crescente de obesos deverá demandar custos mais elevados no tratamento das complicações decorrentes da obesidade. Os casos de apneia obstrutiva do sono, doença de gota e males nas articulações também tendem a crescer, impulsionadas pelo aumento do sobrepeso. “A melhor maneira de tratar um problema na articulação, por exemplo, é emagrecer, e não tomar remédio", diz Rosana. "Cada quilo perdido reduz em 4 quilos a pressão sobre as articulações."

Fonte: Revista Veja - 04/02/2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cirurgia bariátrica pode prolongar vida de obesos

Pesquisa italiana afirma que cirurgia de redução do estômago prolonga vida de obesos. Risco de vida caiu 50% em período analisado.


Cirurgias para a redução do estômago podem prolongar o tempo de vida dos obesos, segundo um estudo publicado na edição on-line do periódico Annals of Surgery. Pesquisadores italianos descobriram que o risco de vida de quem foi submetido a uma cirurgia caiu pela metade no período entre sete e oito anos que durou o estudo.

“Cirurgias bariátricas podem reduzir o peso a um nível que é muito difícil alcançar com as estratégias comuns adotadas para tratar os obesos”, disse o pesquisador Luca Busetto, da Universidade de Padova, na Itália. Segundo Busetto, o procedimento pode salvar a vida de pessoas com obesidade mórbida, que têm três vezes mais chances de morrer do que as pessoas que possuem o peso normal, por conta de problemas relacionados ao excesso de peso, como hipertensão e diabetes.

No caso da cirurgia conhecida como by-pass gástrico, o estômago do paciente, que normalmente possui o tamanho de uma bola de futebol, é reduzido para o equivalente a uma bola de golfe. Esse estômago menor também é ligado diretamente ao intestino delgado, limitando a absorção de calorias. A banda gástrica ajustável é uma prótese de silicone colocada na parte de cima do estômago, que faz os pacientes sentirem-se saciados mais rapidamente.

Para chegar aos resultados, Antonio Pontiroli e Alberto Morabito, da Universidade de Milão, revisaram a literatura médica dos procedimentos de by-pass gástrico e a banda gástrica ajustável. Eles identificaram oito pesquisas, que somaram 44.000 homens e mulheres, sendo que cerca de 14.000 pacientes fizeram uma cirurgia bariátrica.

Em todos os estudos, os pesquisadores registraram 3.300 mortes: 2,8% daqueles que tinham feito o procedimento e 9,7% entre os pacientes que não fizeram a cirurgia bariátrica – o que significa que quem faz a cirurgia tem 45% menos chances de morrer no prazo analisado.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SCBM), em 2010 foram realizadas cerca de 60.000 cirurgias bariátricas no Brasil. Também de acordo com SCBM, a taxa de mortalidade em pessoas que realizam a cirurgia bariátrica é de 0,28%.

Fonte: Revista Veja - 01/02/2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Novo cálculo do metabolismo


A Nutricionista Alessandra Rodrigues, da Universidade de São Paulo, desenvolveu uma fórmula para calcular o metabolismo basal feminino, que é a quantidade calórica ou energética que o corpo utiliza em repouso, para o funcionamento de todos os órgãos, por exemplo, o coração, cérebro, pulmões, intestino, etc. A equação mais usada atualmente, a de Harris-Benedict, foi criada no início do século passado e produz um resultado acima do valor real.

"Essa fórmula está defasada e foi baseada na população europeia. Ela aumenta até 19% o gasto calórico real das mulheres brasileiras", diz Alessandra. Resultado: Pela fórmula antiga, as mulheres acreditam erroneamente que podem comer mais sem engordar.

Um exemplo: Uma mulher de 35 anos e 60 quilos distribuidos em 1,70 metro gastaria, pela fórmula antiga, 1.373 calorias por dia, em repouso, conta 1.270 da fórmula nova. A nutricionista chegou aos novos números depois de avaliar 1.360 mulheres em um período de catorze anos.

Harris-Benedict:
GMR (Gasto Metabólico de Repouso) = 655 + (9,6 x peso) + (1,8 x altura em cm) - (4,7 x idade)

Nova Fórmula:
GMR = 407,57 + (9,58 x peso) + (2,05 x altura em cm) - (1,74 x idade)

Fonte: Revista Veja
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...